- Por Novo Lar
- 29/10/2020
- Notícias
O processo de ambientação em um residencial geriátrico é um desafio tanto para familiares quanto para o próprio morador. Após a decisão de mudança, quatro itens devem ser observados para que esta seja uma transição suave e represente, de fato, apenas uma mudança de endereço.
1.Privacidade
Ainda que morar em um domicílio coletivo possa parecer diferente, o respeito à privacidade é fundamental para a ambientação do novo morador. Nos quartos individuais, é mais fácil garantir momentos a sós e de silêncio, mas nos quartos duplos ou triplos o desafio da convivência nos convida a estabelecer regras e exigem paciência e capacidade de resiliência. A paciência, pois aprenderemos a conhecer novos vizinhos, colegas de quarto com manias e jeitos peculiares de encarar o mundo e resiliência, pois nem sempre concordaremos com o esse jeito de ser, mas com tolerância e bons acordos, a vida em comunidade pode ser bastante agradável.
2.Quarto e personalização do ambiente
No residencial geriátrico, o espaço dormitório se torna a micro residência, mesmo que haja uma edificação inteira à disposição do morador, pois este é o local de maior personalização. O dormitório é o espaço no qual é possível a caracterização com objetos pessoais, travesseiros e pertences que trazem o sentido de aconchego e sentimento de bem querer ao novo morador. É importante que no processo de mudança as questões de segurança e adaptação do ambiente sejam respeitadas, como altura e disposição dos móveis, espaço do armário e disposição da cama. A cor do dormitório, uso de roupa de cama do residencial enxoval próprio são decisões a serem tomadas logo no ingresso e são importantes para o conforto e sentimento de pertencimento à nova moradia.
3.Visitas
Na medida em que os dias passam, as visitas, principalmente agora em tempos de Covid-19, devem ser monitoradas, as famílias devem ser orientadas sobre os riscos e os contatos devem acontecer, de preferência por vídeo-chamadas ou por telefone. Neste momento, em que ainda não há vacina ou meios seguros para evitar o contágio, as orientações para não visitas dentro dos residenciais geriátricos seguem vigentes.
4.Rotinas e Atividades
Um dos aspectos mais relevantes e estruturantes na nossa vida é a rotina. Precisamos da rotina do dia a dia, desde que acordamos até irmos dormir. Isso me lembra a história de uma idosa que havia decidido mudar-se para um residencial geriátrico, eis que ela
foi orientada sobre a rotina da casa, sobre as atividades que poderia realizar e ficou maravilhada. Passou a entender a mudança como uma transformação total no seu modo de viver e interagir. Antes da mudança, doou todas as suas revistas de bordado e crochê. Se desfez de tudo que pertencia à antiga vida e foi para o lar disposta a uma nova vida. Passadas duas semanas, essa idosa me procurou e me pediu para entrar em contato com sua filha, pois na expectativa de uma nova vida, se desfez de tudo que pertencia à rotina em casa, mas não demorou a perceber que a mudança foi apenas de endereço e não de vida. (CLOS, 2018, p.62).
Portanto, não se engane pensando que morar em um residencial geriátrico será uma vida nova! Será diferente, mas ainda a mesma, com convívio social e atividades direcionadas, com espaço de tempo para as mesmas atividades corriqueiras de café da manhã, leitura, higiene corporal, autocuidado, conversas, entretenimento, silêncios e alimentação. O dia é preenchido pelas mesmas atividades, prazeres e gostos da convivência anterior ao ingresso no residencial. O desafio da ambientação? É descobrir novos prazeres, conhecer novos companheiros e companheiras de jornada e seguir nesta caminhada entre conversas e novas histórias.
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CLOS, Michelle B. Mudando de endereço: como escolher um residencial geriátrico. Porto Alegre: Buqui, 2018.