- Por Novo Lar
- 30/10/2020
- Notícias
O processo de finitude da vida é certo e inevitável. A morte enquanto evento natural não é assustadora, mas o processo de morrer talvez possa ser. Dentre as muitas possibilidades da finitude que vai chegando mansamente para as pessoas idosas, existe receio e ansiedade. Ora o receio de um processo carregado de dor e solidão, ora a ansiedade pela chegada de um dia que não se sabe exatamente qual é.
QUALIDADE DE MORRER É QUALIDADE DE VIVER
1. Cuidado é essencial até o último suspiro. Compreender a finitude em um Residencial Geriátrico pressupõe reconhecer que a morte é parte da vida. Portanto, o Residencial não deve e não pode ser um espaço de solidão, ausências e espera.
2. A capacidade de tomada de decisão, que deve ser preservada enquanto houver lucidez. Todos podem decidir sobre como enfrentar os desafios da finitude, e mesmo quando a única decisão possível seja a aceitação.
3. O respeito a decisões de quem está em seu processo de finitude é parte do movimento de planejar-se para viver com dignidade até o fim. As Diretivas Antecipadas de Vontade são um exemplo de documento no qual a pessoa idosa indica sua escolha pelos tratamentos e condutas que aceita e não aceita em caso de impedimento de manifestação de vontade. Um conjunto de vontades decididas com a equipe de saúde e que são de conhecimento da equipe de cuidado e da família.
4. O acesso a recursos farmacológicos é um dos grandes desafios da finitude, principalmente quando se manifesta de forma dolorosa. Um dos jeitos de enfrentar o sofrimento físico é com manejo adequado do controle de dor, com sedação própria. Ninguém deveria morrer sentindo dor ou qualquer tipo de desconforto, quando existem alternativas para tal.
5. A oferta de recursos terapêuticos é parte do diferencial dos residenciais geriátricos, que conseguem, em uma estrutura não hospitalar, oferecer suporte multiprofissional e assistência de enfermagem integral.
6. Os recursos sociais são também importantes, pois nos falam sobre a importância do acesso aos direitos sociais (incluindo sepultamento gratuito) e a integração comunitária. Mas social é toda interação que mantemos com os que amamos, de modo que a consciência da finitude oportuniza rever a trajetória, resgatar ou fortalecer vínculos, ou ainda construí-los.
7. E por acesso a recursos espirituais, temos a fé como um elemento estruturante no processo de paz interior e aceitação. É também nessa dimensão que o residente pode reconhecer seu legado e semear esperança através do modo como encara o viver e o morrer.
A DESPEDIDA E O LUTO
Abordar de forma leve um tema tão profundo requer conhecimento e aceitação. A morte em um residencial pode ser profundamente sentida, não apenas para os residentes que perdem seus companheiros de convivência, mas para os membros técnicos responsáveis pelo cuidado. Profissionais que desenvolvem vínculos de afeto que ao se romperem com a morte lhes mostram a fragilidade e brevidade da vida.
Para a família, a dor e o luto não são diferentes. Recentemente, uma frase despertou atenção: “famílias não lidam bem com a morte de seus idosos e depositam no Residencial Geriátrico a responsabilidade pela vida eterna”. Ainda que óbvio, é preciso reconhecer que por melhores que sejam as condições de cuidado e atenção, a morte, certamente chegará e se houve dignidade no cuidado, então está tudo bem partir.
Morrer em uma ILPI não deve representar apenas um apagar-se sem expectadores. A família deve ser convidada a estar presente para vivência da despedida e elaboração do luto, ainda que haja algum sofrimento. É preciso que haja gratidão pelos anos vividos e pelo cuidado digno até o último suspiro. Importante também é compartilhar com os demais idosos residentes a passagem de seus contemporâneos – talvez uma oração ou uma breve reverência aos que partiram. O dia da morte é um dia a ser respeitado. A finitude é parte inexorável da vida e há muita beleza em reconhecer a morte como uma companheira, que nos levará no final da jornada, não como um castigo, mas, esperamos, como resultado de uma vida bem vivida.
A Geriatria Novo Lar está localizada em Porto Alegre e possui todo o suporte para acompanhar seu familiar, oferecendo todas as condições para o bem-estar que ele merece. Temos hospedagem permanente e temporária, com unidades no bairro Moinhos de Vento e Passo D’Areia.
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REFERÊNCIAS
KUBLER- ROSS, E. Sobre a morte e o morrer. São Paulo: Martins Fontes; 2011.